Principal referência em estudos de emprego e trabalho no país, o sociólogo e professor José Pastore diz não ter dúvidas sobre o quanto a reforma trabalhista, de 2017, foi fundamental para enfrentarmos este momento de pandemia.
“Foi graças à criação de várias modalidades de contratação que o governo, este ano, pode agilizar medidas emergenciais para acudir aqueles que perdem o emprego. Aquela reforma é realmente o alicerce do que está sendo feito este ano. Sem aquela reforma, nós estaríamos muito piores na área do trabalho.”
A lógica da modernização de legislações e de nossa compreensão dos novos tempos se mostra ainda mais importante nos dias de hoje.
A intensa discussão sobre os trabalhos por aplicativos, como serviços de entrega e transporte, não pode ser resumida a um simplismo de análise.
José Pastore diz que por serem modalidades novas, vai se encontrar nelas tanto o trabalho precário como o trabalho promissor. “Há pessoas realizadas pela independência na relação da prestação de serviço, outras estão por força das circunstâncias.” O trabalho precário existe até em contratos convencionais pela CLT, citando o caso de médicos, por exemplo, que trabalham, às vezes, em três hospitais, todos com carteira assinada. “Quer maior precariedade do que o sujeito trabalhar 16, 18 horas por dia?”
A conversa ainda versa sobre a necessidade de coesão social para a economia funcionar, a peculiaridade desta crise econômica vir de uma questão sanitária de proporções inéditas, sobre mobilidade social ascendente e descendente e que o tamanho do Estado não importa. “Tem de ser eficiente”.