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Só se governa com maioria: entrevista com Michel Temer, ex-presidente do Brasil

5 de abril de 2021

O ex-presidente da República Michel Temer é o entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, em que governabilidade, maioria no Congresso, Centrão e necessidade de diálogo entre os poderes e forças políticas praticamente dominaram a conversa.

De longa história acadêmica, como jurista constitucionalista, e na vida política, como deputado federal, presidente da Câmara, e presidente, depois do impeachment de Dilma Roussef, Temer teve um governo de pouco mais de pouco mais de dois anos e quatro meses. Em sua gestão, o país saiu da recessão ao fazer a economia brasileira voltar a crescer, depois da crise entre 2014 e 2016, viu os juros e a inflação caírem e reformas importantes, como a trabalhista e o “Teto de Gastos”, serem aprovadas, além da nova lei das estatais, responsável, por exemplo, por sanear a Petrobras, a joia da Coroa entre as empresas do governo, vítima de escândalos de uso político-partidário e corrupção nos governos do PT.

Na entrevista, o ex-presidente recorre à lógica democrática de que sem maioria não se governa. A tese, que parece óbvia, vai muito além quando aborda temas como “nova política” e “Centrão”, dominantes no recente cenário eleitoral e político brasileiro. Para isso, cita a série de realizações de seu governo e de outras administrações que o antecederam como resultado inequívoco da capacidade de governos de fazer maioria no Congresso. A “Nova Política” ou a frase de “não sou político”, para vender uma ideia de inovação e renovação ao cidadão, são classificadas por ele como “conceitos eleitoreiros”. E para isso pergunta: “É da velha política a redemocratização do país? O Plano Real? Os planos sociais? As grandes reformas desde Itamar?” E já entrando em seu governo: “É da velha política a queda da inflação, dos juros e a recuperação das estatais, as reformas? Isso não é da velha da política. É da política. O que você pode ter é político que faz uma política adequada e político que faz uma política inadequada”.

A história recente das conquistas que menciona, em que pesem outras terem sido relacionadas a escândalos, são relacionadas à imprescindível formação de maioria no Congresso, o que o leva a dizer que não se prende mais a rótulos ideológicos, conceitos que ele diz terem sido superados depois da queda do Muro de Berlin. “Se de direita, de esquerda ou de centro, o importante para a população é o resultado”. E diz que os deputados e senadores do “Centrão”, grupo de parlamentares normalmente associados ao fisiologismo, foram eleitos pelo voto e compõem maiorias que fazem presidentes aprovarem leis e reformas.

A conversa ainda passa pelo ativismo do Supremo Tribunal Federal, a defesa da harmonia entre os poderes e na defesa do multilateralismo para melhorar a imagem do país no exterior, evitando alinhamentos diplomáticos e divulgando realizações que o país já tem na área ambiental. E sem nenhuma ameaça de interrupção da democracia brasileira.