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O Brasil na geopolítica da vacina: entrevista com Rubens Barbosa, diplomata

29 de março de 2021

Estamos vivendo a “geopolítica da vacina”, diz o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE”.

A pandemia que impõe o distanciamento social e que fez esta entrevista ser gravada por plataforma de vídeo uma vez mais – e igualmente a razão da transformação das relações internacionais no mundo – foi o tema da entrevista, sobretudo com as implicações ao Brasil.
Preocupado com a situação nacional e a necessidade do desenvolvimento de políticas estratégicas de longo prazo para o país, Rubens Barbosa, um dos mais atuantes diplomatas da história recente das relações externas brasileiras, é enfático em defender que, dada a realidade de “não haver consenso para discutir mudanças agora, precisamos pensar o país a médio e longo prazos. E como o Brasil vai sair da pandemia”, já prevendo os impactos da crise na economia e o peso da eleição de 2022.

A referência que ele defende envolve estudar a reindustrialização do Brasil, incentivar a pesquisa que desenvolve medicamentos e vacinas e, numa escala ainda maior, abandonar a tese desgastada do protecionismo e entender que o tamanho do país exige que sejamos autossuficientes em tecnologia e matérias-primas estratégicas, como insumos para fazer vacinas e medicamentos.

É aí que se insere o conceito de “geopolítica da vacina” e o consequente soft power de China, Índia e Rússia, que estão usando seus próprios imunizantes para garantir a recuperação interna de suas economias e escolhendo a quem e como vender os excedentes, em frentes diplomáticas de influência. Além dos EUA, que prometem vacinar toda sua população até o final de maio e estão começando a doar vacinas não americanas, como as do laboratório AstraZeneca, de sua reserva estratégica, ao Canadá e ao México.

A conversa ainda passou pela falta de solidariedade internacional na vacinação, as escolhas diplomáticas do Brasil, Amazônia, mudanças climáticas e o dilema tecnológico e diplomático do país que escolhe este ano o seu modelo de 5G. “Entre China e Estados Unidos, o Brasil precisa preservar seus interesses”.

Além da carreira diplomática, Rubens Barbosa é presidente da Associação Nacional dos Produtores de Trigo e do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp e editor responsável da Revista Interesse Nacional.