De Lars Grael, velejador, medalhista olímpico em Seul e Atlanta:
Nós temos uma “fracassomania” que impera no país. Queremos mostrar o que está errado, o que parece errado, o que pode dar errado. Não mostramos virtudes. Então, à medida em que você só propaga polêmica ou informação negativa, isso contamina boa parte da sociedade brasileira e a gente passa a ter um dia a dia deprimente. Às vezes, eu faço uma espécie de detox do noticiário”.
Na entrevista, Lars reclama da necessidade do exercício da crítica consciente, que partes importantes da imprensa e da população ainda não fazem.
“Você não tem que omitir as coisas erradas que precisam mudar no país. Mas não dá pra conviver só com informação negativa.”
A resposta acima veio diretamente, embora tenha se inspirado em vários temas anteriores, da pergunta que fiz sobre a falsa polêmica da imprensa acerca dos atletas ligados e treinados nas Forças Armadas Brasileiras, que prestavam continência na hora do Hino Nacional, justamente porque haviam ganho uma medalha da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
“A relação do Ministério da Defesa, das Forças Armadas do país apoiando o esporte no Brasil é extremamente positiva. E por esta ótica nós temos que ver.”
Sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio, Lars se mostra otimista com a equipe brasileira, mas defende que esporte precisa ser, antes de tudo, uma política de estado para a educação e saúde. “As medalhas são uma consequência”.
Embaixador do Instituto Trata Brasil, dedicado a estudos e soluções de saneamento básico, Lars comemora a instituição do Marco do Saneamento Básico, recentemente aprovado pelo Congresso, mas dedica boa parte da conversa a denunciar a falta de planejamento de autoridades nas obras e a preconceitos da sociedade e da legislação quando um projeto envolve uma área de proteção ambiental.