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Ciência é investimento: entrevista com Mayana Zatz, geneticista

24 de maio de 2021

O mais enigmático vírus que ainda assola a humanidade é objeto de um estudo muito aprofundado no Centro do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, liderado pela geneticista Mayana Zatz, que concedeu entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A cientista brasileira, notabilizada pelas pesquisas com células-tronco embrionárias, comanda uma série de pesquisas sobre o comportamento do vírus Sars-coV-2 no corpo humano, que causa a Covid-19.

Desde o aparecimento do Novo Coronavírus na China, a comunidade científica e médica do mundo inteiro se dedica a compreender o vírus pelas suas características mais intrigantes: é letal e com capacidade de disseminação muito rápida, capaz de paralisar o planeta e, na maioria das pessoas, oscila entre ser uma doença assintomática ou de sintomas leves.

Nas pesquisas de alta complexidade científica lideradas por Mayana Zatz no Brasil, há estudos avançados sobre, por exemplo, casais que, apesar da convivência íntima, na mesma casa, no mesmo quarto, um teve Covid-19 e o parceiro foi assintomático ou sequer foi infectado, o que levou os pesquisadores a descobrir que células de defesa em um dos cônjuges eram muito mais eficientes.

Outro caso foi o estudo com pessoas centenárias, uma pesquisa já estava em andamento antes da pandemia para entender como se dá geneticamente a longevidade. Com o aparecimento do vírus, a pesquisa se ampliou para saber como pessoas tão idosas, grupo considerado de risco para uma série de doenças, reagiria ao contato com o novo vírus. A surpresa teve todos os ingredientes que uma Ciência dedicada pode trazer: os centenários, justamente pelo tempo de vida, provavelmente carregam informação genética e reação imunológica que transformaram a Covid, quando muito, em uma gripezinha. Dos 13 casos analisados, incluindo uma paciente de 114 anos, houve recuperações boas, casos leves e outros completamente assintomáticos.

E é justamente sobre a importância social e estratégica da Ciência que Mayana Zatz se debruça na segunda parte da entrevista, ao lamentar a visão de curto prazo da média política brasileira em relação à ciência, na redução dos investimentos e na necessidade de compreender que a resposta rápida que a Ciência deu em desenvolver vacinas tão rapidamente para a Covid-19 se deve a um histórico, tanto de governos como de empresas, em apoiar fortemente a ciência básica de longo prazo.

“Ou investimos em ciência ou ficaremos sempre a reboque do primeiro mundo”.