O Brasil possui cerca de 54% da sua população autodeclarada negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Em contraponto é um dos países mais racistas do mundo, conforme os dados de violência policial do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, FBSP.
Entender e combater o racismo estrutural que torna invisíveis corpos negros e indígenas, tornam-se pautas imprescindíveis e que precisam ser debatidas e combatidas dentro e fora do âmbito corporativo. Não basta mais ser contra o racismo, é preciso ser antirracista.
Mas o que é racismo estrutural?
A abolição da escravatura aconteceu a menos de 135 anos no país, ou seja, é um episódio recente da história brasileira, e o desfecho do regime escravocrata não ocorreu como esperado por parte dos abolicionistas. Em 13 de maio de 1888, a população que havia sido retirada à força de sua terra natal, não contou com políticas reparatórias para os crimes sofridos, e estavam sem apoio e infraestrutura para recomeçarem suas vidas. Esse processo gerou um fenômeno estruturante e criou um enorme abismo social para a população negra no Brasil.
O racismo se manifesta através de estruturas, falas, mecanismos e atitudes enraizadas na sociedade que desumanizam e enxergam primeiro a cor da pele, antes do indivíduo, promovendo de forma direta ou indireta a segregação e preconceito a determinadas etnias, desmistificando assim o mito da falácia da democracia racial no país.
Parte desta estrutura, originada em tempos de escravidão, fez com que fossem perpetuados os preceitos impostos naquela época, em que a população negra era considerada inferior. Foram criadas leis nacionais que davam respaldo à cultura do embranquecimento desta e de outras etnias, como era o propósito do Decreto n°528 – assinado por Deodoro da Fonseca em 1890.
O objetivo do presidente provisório era aumentar a vinda de imigrantes europeus para instaurar a política de “branqueamento” no território nacional e dissipar as etnias de ascendência africana e indígena. Legitimando assim a falta de acesso à moradia, educação e direitos civis para os povos originários do Brasil (indígenas) e africanos, que mesmo após a abolição não contavam com os mesmo direitos civis da população branca.
Após décadas, a desigualdade racial persiste, a estrutura de segregação continua a impedir o acesso à educação de qualidade, moradia, salários compatíveis e oportunidades conforme assegurados pela constituição federativa.
Percorrendo esta data até os dias atuais, quais são as práticas reparatórias sobre essa população? Os acessos ao mundo do trabalho? Quais as oportunidades oferecidas para mudança de perspectivas e quebra dos ciclos de violência e pobreza? A falta de representatividade nos eixos políticos e socioeconômicos corroboram para que ainda sim se estabeleçam à margem da sociedade.
Romper com a dinâmica estrutural do racismo ao qual estamos inseridos torna-se uma ação em coletivo, e cabe à sociedade civil, corporativa e legislativa adotarem mais práticas que impeçam os hábitos racistas no cotidiano, que está preterindo vidas negras.
A palavra chave é buscar conhecimento sobre o assunto, para entender como criar oportunidades e lidar com as adversidades que cercam a vida de jovens negros e indígenas no Brasil.
E como fazer isso?
- Incentivar e criar boas práticas de inclusão e equidade no cronograma organizacional.
- Contribuir com o acesso desses jovens à educação, participação ativa na sociedade e em espaços majoritários de poder.
- Buscar gerir e contemplar times mais diversos, fomentando suas diferenças.
- Oferecer curadoria de conteúdos, palestras, eventos e treinamentos para os seus colaboradores.
- Criar processos seletivos que incluam e deem assistência para essa população, gerando oportunidades que façam com que possam contar a sua história, não apenas as suas mazelas.
E por fim, mas não menos importante, manter o olhar atento, sair da “bolha social” e perceber que há potência em grupos socialmente marginalizados.
Acesse a https://www.afro.tv/ , portal de entretenimento especializado em comunicação diaspórica da população negra.
Encontro CIEE da Diversidade e Inclusão – 27 e 28 de outubro, saiba mais em portal.ciee.org.br/encontro-da-diversidade/
- Dica bônus: Filmes e leituras sobre o assunto:
-Livro: O que é racismo estrutural? – Dr.Silvio Almeida.
-Livro: Pequeno manual antirracista – Djamila Ribeiro.
-Filme: Marighella, dirigido por Wagner Moura.
-Filme: Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos.
- Fontes consultadas:
-Matéria da BBC : A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil
-Coluna : Por dentro da África
-Coluna Jornal Diáspora Negra