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Duas mulheres de máscara conversado por linguagem de sinais

Cultura surda: direitos e cidadania em pauta

4 de junho de 2021
Webinar do CIEE aborda terminologias e propõe reflexão sobre inclusão

No cotidiano, ainda são comuns comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades. Buscando promover uma reflexão sobre o universo da cultura surda, o CIEE realizou um webinar para discutir essas e outras questões. 

Participaram a palestrante Mayra Teodoro, que também é intérprete de Libras; Gercy Neto, que é colaborador do Inclui CIEE e André Moreti, ativista das causas da pessoa com deficiência auditiva. A mediação foi da supervisora do Inclui CIEE, Lilene Ruy. Neste webinar, os intérpretes, acostumados a fazerem a tradução de Libras para os deficientes auditivos, realizaram também uma tarefa inversa, e apoiaram na comunicação oral entre os participantes que se comunicavam pela linguagem de sinais e o público.

Mayra abriu o debate pontuando a diferença entre deficiência auditiva – terminologia utilizada a partir de um ponto de vista clínico – e surdez – que é a palavra empregada a partir de uma perspectiva sócio antropológica.

“Cultura surda é uma maneira de entender o mundo e modificá-lo, a fim de torná-lo acessível e habitável, ajustando com suas percepções visuais. Isso abrange as línguas, as ideias e os hábitos. A partir daí, Libras não é só uma questão linguística ou de idioma, é algo cultural”, iniciou.

Mayra também trouxe para a conversa as barreiras atitudinais, que se impõem todos os dias nas relações pessoais ou profissionais entre surdos e ouvintes.

“Aquilo que eu acho e aquilo que eu penso influenciam nas minhas atitudes. Muitas atitudes são colocadas pelo não conhecimento. Queremos propor uma troca, existe um povo que fala uma língua diferente, elementos visuais são bastante valorizados nesse intercâmbio”.

Direitos e cidadania

Gercy Neto apresentou um pouco da sua trajetória profissional, e chamou a atenção para o fato de que a relação e o convívio entre todos trata-se de um princípio básico de cidadania. Quando o preconceito se impõe, isso se torna um desafio. 

“As pessoas precisam olhar além da deficiência, além da surdez. A surdez pode ser por causa da genética, ou por causa de algum problema de saúde. Alguns tem uma surdez leve, outros são surdos profundos. Precisamos entender essas diferenças. Tente conversar com um surdo, entenda sobre a cultura surda”.

Gercy ainda destacou que, de acordo com a região do Brasil, os termos em Libras podem variar, o que reforça o aspecto cultural da linguagem. Ainda segundo ele, essa influência do regionalismo não dificulta o entendimento, e pelo contrário, ajuda a aproximar pessoas de locais de origem diferentes.

Para o exercício da cidadania,  as dificuldades no acesso à Educação e aos serviços de Saúde foram pontuados por André. Ele contou um pouco sobre uma experiência negativa ao fazer uma prova em que não havia sido disponibilizado um intérprete.

“Quando muitas pessoas estão lutando juntas, os direitos podem ser alcançados mais rapidamente. É necessário lutar, existem várias leis que defendem as pessoas com deficiência. Muitas pessoas falam e não agem. Eu sempre fiquei muito angustiado com essas situações, mas principalmente na área da saúde. É muito difícil um surdo conseguir ir a uma consulta médica sem a ajuda da família, por exemplo”.

Confira o webinar na íntegra