Com objetivo de debater avanços recentes e questões do mundo do trabalho, o CIEE promoveu um webinar na quinta-feira (3/12), Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A data foi criada pela ONU em 1992, com objetivo de favorecer a conscientização da sociedade para maior compreensão dos assuntos relacionados à pessoa com deficiência e para mobilizar a defesa da dignidade, direitos e bem estar.
Participaram Flávia Cintra, jornalista e ativista dos direitos das pessoas com deficiência, a cientista política Camila Sgrignoli, da universidade Johns Hopkins (EUA), Alice Ribeiro, que há mais de 20 anos é a responsável pelo Gabinete de Apoio aos Estudantes com Necessidades Especiais da Universidade do Porto (POR) e Thaís Dumêt, oficial técnica da Organização Internacional do Trabalho. O debate foi mediado por Lilene Ruy, supervisora do Inclui CIEE.
“Por muito tempo a gente conviveu com a ideia de que a deficiência era relacionada a doença e incapacidade. Sentar em uma cadeira de rodas era ser condenado a uma vida triste, improdutiva e inválida”, disse Flávia Cintra, que sofreu um acidente e é uma pessoa com deficiência desde 1991, quando tinha 18 anos.
Para tornar o debate público e alcançar direitos ainda distantes da realidade, ela sugere a união com outras causas sociais, como a luta antirracismo e o movimento feminista. Ela também pontuou barreiras de acessibilidade em ruas, banheiros, prédios públicos e privados.
Em seguida, Camila Sgrignoli fez uma comparação entre as legislações vigentes nos Estados Unidos, onde vive atualmente, e no Brasil.
“Alguns estados ou municípios brasileiros têm mais possibilidade ou vontade pública. Nos Estados Unidos a lei – Americans with Disability Act – está em vigor há 30 anos. Diferentemente do que ocorre no Brasil, se tiver dinheiro público é preciso avaliar a questão da acessibilidade, em todas as leis que vêm do governo federal”.
Para tornar as políticas públicas em práticas efetivas, Alice Ribeiro sugere que as pessoas com deficiência passem a ocupar cada vez mais postos de tomada de decisão na esfera pública. Ela também acredita que obstáculos podem ser superados por meio do convívio e maior entendimento sobre as capacidades de cada um.
“É preciso cada vez mais que as pessoas com deficiência entrem no ensino superior e participem cada vez mais da elaboração de políticas públicas. É preciso que essas pessoas ocupem seu lugar na sociedade”.
Tendo como foco de sua fala a participação no mundo do trabalho, Thaís Dumêt, citou que “pessoas com deficiência são o maior recurso inexplorado do planeta”. Ela abordou ainda o contexto da diversidade e acrescentou que equipes formadas por pessoas diferentes em sua natureza ganham em capacidade de inovação.
“A inovação do trabalho não vem só do currículo normal, do diploma que você tem ou de quantos idiomas você fala. A capacidade de inovação vem da nossa história fundamentalmente, vem de quem nós somos. É uma questão de geração e crescimento. Não é ajuda, é direito e respeito”, disse.
Inclui CIEE
O Inclui é uma iniciativa do CIEE, um serviço personalizado que busca contribuir para o aumento da diversidade no ambiente corporativo. Contar com colaboradores de diferentes pensamentos, culturas, etnias, opiniões e características permite que a empresa torne seu ambiente mais plural e democrático. O resultado dessa mistura traz benefícios a todos, para as pessoas e também para as organizações.