O livreiro Pedro Herz é o convidado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE”, numa entrevista em que a discussão sobre a cultura brasileira, muito além das artes, é a tônica de um bate papo sobre a forma como estamos nos relacionando e discutindo nosso tempo.
“Ler é ouvir”, aponta ele, numa clara referência ao tempo entre receber uma informação e opinar, pressionados pelo imediatismo das redes sociais, da ansiedade planetária por expor uma posição sobre qualquer assunto mesmo sem entender sobre ele. Mais a fundo, Pedro diz que se perdeu o leitor, aquele que pode ler num pedaço de papel, numa tela digital ou, literalmente, ouvir alguém, mas que dedica tempo para isso. Falar ficou mais importante porque “digitar é falar”, e estamos digitando mais do que lendo, ouvindo.
O conceito aborda de forma mais ampla a crise no setor de livrarias, que ele chama de “editorial” porque engloba, além dos livros, jornais e revistas, carentes de leitores dispostos a consumir conteúdo qualificado antes de julgar o outro ou o fato.
Na entrevista, há espaço ainda para a música popular brasileira, a lembrança de letras que oscilavam entre motivações políticas, sociais, poesia e prosas amorosas, mas que expunham um contexto, faziam uma denúncia ou contavam uma história romantizada com todos os recursos bem utilizados da língua portuguesa.
“Música popular para mim é aquela que me faz sair assobiando, cantarolando, porque me tomou de tal maneira que vou em frente”, conclui ele ao reclamar da produção atual, das letras sem sentido, da falta de compromisso e a perda de referências.
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